terça-feira, 8 de março de 2011

Foi numa terça feira de carnaval: Wilma, sempre conosco!

Minha irmã Wilma morreu numa terça–feira de carnaval. Bruscamente, sem aviso prévio, seus vinte e oito anos de vida foram interrompidos por tumores cerebrais, descobertos somente após sua morte. Enquanto a beija-flor no Rio de Janeiro cantava o Amapá para o mundo, corríamos atrás daquele fio de esperança que todos têm, ao deparar-se com o anúncio da morte cerebral. Era uma madrugada alegre para os outros amapaenses, que sentavam-se em família, nas  calçadas, em volta das televisões. Para nós, algo distante e até incompreensível: como o mundo podia continuar festejando, se o nosso mundo desabava, naquela madrugada de fevereiro de 2008?
Pela manhã, a triste notícia se materializou, com a parada dos batimentos cardíacos. Então tínhamos que partir para a dura missão de dar a notícia aos nossos pais. Éramos, até então, dez filhos e ela, Wilma, era a oitava, uma das mais jovens. Havia concluído o Curso de Serviço Social um ano antes e estava procurando emprego, fazendo concursos. Enquanto isso trabalhava como voluntária na Escola Agrícola da Casa da Hospitalidade, que fica na estrada de Santana. Também era voluntária do CVV, Centro de Valorização da Vida. Gostava de ajudar.
Essa vontade de ser útil aos semelhantes caiu sobre nós de um modo muito duro após sua morte. As pessoas vinham nos dizer de uma visita dela, num hospital, de um remédio que ela lhes havia comprado, um lanche para as meninas do super mercado... pareciam conhecê-la melhor que nós, seus irmãos, que às vezes nos detínhamos muito mais em criticá-la, por gostar tanto de estar  em hospitais, velórios, enterros. Era uma Assistente Social, por vocação e por essência...escolhera bem sua profissão, embora não tenha tido tempo de ser remunerada por ela.
Velamos seu corpo naquela terça feira gorda, e enquanto rezávamos tentando aceitar a dureza daquela realidade, ouvíamos gritos, vindos da rua: assustados, vimos os foliões subindo para desfilar na banda, o nosso grande bloco de sujos, como se a dizer: a vida tem que prosseguir, assim como a banda tem que passar!
Passados mais de três anos, e mesmo sendo o carnaval um feriado móvel, sinto que jamais poderei ouvir uma marchinha sem associá-la à perda de minha irmã. Mas sei, acima de tudo, que ela cumpriu sua missão nesta vida, deixando-nos lições de simplicidade, amor ao próximo e cuidado com os mais carentes. Deus é o sentido oculto por trás de atos e pessoas intrigantes como a Wilma, que sempre O procurou e que agora descansa em Sua Glória...
Ah, eu sei que ela gosta que digam seu nome completo: WILMA ARLINDA SILVA PUREZA ( Para sempre, a Doutora Chica...)

6 comentários:

Ilma Cristina disse...

Achei lindo e tocante o relato sobre sua irmã. Deve ser uma dor tão funda, que só de imaginar perder uma de minhas seis irmãs sinto uma angústia profunda. Mas, se Deus levou a Wilma tão jovem é porque a missão dela estava completa. Deus sempre sabe o que faz. Um abraço.

Anônimo disse...

prima como sao lindas e bem colocadas suas palavras pois nossa querida e amada wilma nunca será esquecida pois foi uma mulher que sempre busca o bem e ajudar mesmo quem ela nao conhecesse ...lembro de seu sorriso ...eternas saudades me amor minha prima

Márcio disse...

A saudade dói, mas acreditar que ela está ao lado do nosso Senhor me faz sentir um enorme prazer em dizer que 'ela está muito bem' torcendo por todos nós.

giselly disse...

"Muito Emocionada" Saudades!

giselly disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

NÃO TIVE O PRAZER DE CONHECÊ-LA PESSOALMENTE MAS,PELO SEU RELATO ERA UM SER ESPECIAL E NA VIDA DELA SE CUMPRIU A SUA PASSAGEM NA TERRA DOS VIVENTES...DEIXANDO REGISTROS DE BOAS OBRAS.MAS DEUS QUIS ASSIM E A LEVOU PARA O SEU LADO EVITANDO O SOFRIMENTO DOS SEUS E DELA MESMA,AGORA LEMBRANÇAS SÓ DE MOMENTOS BONS E ALEGRES VIVIDOS COM ELA SAÚDE E PAZ A TODOS...DESCANSE EM PAZ COM DEUS...

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