terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PARABÉNS, MAZAGÃO VELHO!

Uma canção de parabéns!!!
 Hoje, minha cidade - berço está de aniversário. Haverá comemorações, alvorada, queima de fogos, shows musicais, enfim, tudo que é de praxe em grandes eventos. Nesta terra de belas paisagens e grandes achados históricos, inclino-me a comemorar de um jeito nostálgico e grato, rememorando alguns fatos e circunstâncias que fazem parte dessa história.
O começo remonta à vinda dos nossos primeiros habitantes, trazidos nos tristes porões pelos portugueses e posteriormente largados à própria sorte nestas paragens. Ser arrancado de sua pátria e submetido à escravidão não era o suficiente: ainda haveria uma nova e longa viagem forçada. Fico imaginando quais os sentimentos do escravo ao chegar aqui, deparando-se com estas matas e furos de rio. Espero que esta herança de deslumbramento que possuo, tenha origem em algum sentimento de alívio em meus ancestrais, ao deparar-se com o que hoje chamamos Mazagão Velho. 
Progresso e posteriormente, decadência, epidemias que devastaram a cidade e o luto das muitas famílias. O declínio comercial e a debandada de moradores, fizeram-na diminuir em população e em tamanho. Tanto que a capela Jesuíta cujas ruínas foram reencontradas pela história, hoje fica localizada na entrada da Vila, quando,certamente àquelas épocas, deveria localizar-se no centro.
Digo reencontradas, porque, para nós as ruínas e a história da capela e da involução geográfica sempre estiveram aqui, repassadas de boca em boca, conhecidas de cada criança  curiosa que tenha raízes e referências mazaganenses, como eu.
Comemorar o aniversário de Mazagão Velho significa, hoje, para o mazaganense,  resgatar essa velha lembrança, coletiva lembrança, de uma história entremeada por distâncias, rupturas, isolamento e solidão.
Talvez essa nota dissonante de dor, ainda reflita-se no nosso jeito de cantar, geralmente em contralto, sem microfone, alcançando grandes decibéis, remontando as cantigas das mães africanas.
Há uma lenda africana que diz que, cada pessoa tem a “sua canção”. Esta lhe é atribuída por sua mãe antes do nascimento, após rezas em comunidade. Em momentos importantes de sua vida, como cerimônias, aniversários, casamentos, a comunidade se reúne e canta a ”sua canção”, assim como nos momentos em que as pessoas cometem falhas. Tudo isso, para que, em vez de castigo, a pessoa receba a lição de lembrar-se de quem ela é, a sua verdadeira essência.
As canções de minha infância, as ladainhas, as procissões e as novenas têm um poder incrível sobre mim, e acredito, sobre meus conterrâneos...Talvez por nos fazer sempre relembrar quem realmente somos, a essência de lutas e a persistência que lateja em nosso sangue afro-brasileiro
Isso é a história e esse é o combustível para um futuro melhor
Olhando para esse braço de Rio, o Mutuacá, engendro tramas e lembranças, saudades e sorrisos, músicas e danças, presente e passado, que me inspiram a dizer: Parabéns Mazagão Velho,  parabéns mazaganenses, somos células de um sonho de eternidade, que atravessou  oceanos e a história, mantendo-se fiel a sua realeza e ao desejo de  libertação das amarras do dominador.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu adorei o blog parabens

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