segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sentimento de Mazaganense


Das muitas alegres certezas que o típico mazaganense tem em sua  vida, está  a de que, no dia 25 de Julho, em Mazagão Velho, haverá um missa, haverá uma procissão e haverá  uma batalha...
Veremos e ouviremos novamente a narrativa da guerra santa, com os ilustres São Tiago e São Jorge, garbosamente vestidos, sempre alertas, em seus cavalos, conduzindo uma enorme quantidade de pessoas no Círio matinal. Fitaremos compadecidos as crianças raptadas pelos mouros mascarados, bem ali, nas nossas vistas, para depois trocá-las por dinheiro ( que pode muito bem ser apenas folhas secas caídas  das  mangueiras seculares).Estaremos de novo atentos aos presentes envenenados, enviados pelos mouros e retornados a estes pelos cristãos. Mais uma vez cantaremos nas novenas e rezaremos as ladainhas em latim.
Lembraremos de avisar as damas que no Baile de Máscaras não é permitida a participação de mulheres, e, a bem da verdade, as poucas que já tentaram driblar esta regra, geralmente foram descobertas e retiradas do salão. Isso sem mencionar a tão esperada passagem do Bobo Velho, com nossos bagaços de laranja recolhidos e armazenados para arremessar em seu cavalo.
Ano após ano, esta é a programação do calendário mental de cada pessoa que cresceu tendo o mês de Julho como o marco referencial das memórias vívidas de vários “São Tiagos”.  O mês de julho nem bem começa e as famílias já entram na expectativa da espera. As que moram em Mazagão Velho sentem o alvoroço com o início dos preparativos. Já as famílias que migraram para outros municípios do Estado (e que são muitas!) iniciam a organização da mudança de endereço que realizarão neste período. O fato de ocorrer nas férias escolares concorre grandemente para a afluência de pessoas, que aumenta ano após ano.
Também virão as pessoas para desenvolver atividades comerciais, tais como parques, tiro ao alvo, vendas de bijuteria, roupas, alimentos, brinquedos, entre outros. Isto sem falar nas festas dançantes, shows musicais, leilões, bingos dançantes, etc. Não poderia deixar de mencionar o banho de rio, nas margens do Rio Mutuacá, um mergulho nas águas inesquecíveis, mas que deixam várias mães preocupadas com a insistência dos pequenos em ficar por lá o maior tempo possível.  
Nesta bagagem de devoção, não pode ficar de fora a contribuição espontânea de cada família aos preparativos da festa, tão nossos conhecidos: balões coloridos, tinta para as faixas, tecido, barbantes, papel picado, bolachinhas, Nescau, suco, refrigerantes, bombons, apitos e mais recentemente, banners, abanadores  e um Sky-paper!
Na lista pré-Glorioso também não pode faltar a roupa nova para os adultos e crianças, e se for menino, evidentemente, um traje encomendado de mouro ou cristão e ainda o cavalinho de miriti, enfeitado de papel de seda ( a ser usado nos dias 27 e 28, no São Tiago das crianças). Em nossas memórias mazaganistas, já está gravado perenemente o eco das caixas, tocados em diversos destes momentos, assim como a música da dança do vominê e também as guitarradas inconfundíveis que embalam o Baile de Máscaras.
Estes são apenas alguns dos aspectos que a cada ano servem de pano de fundo para algo bem mais abrangente: a certeza do encontro com o Divino, simbolizado pela devoção que atravessou gerações; a certeza de que há um enorme sentido em cultuar a memória honrosa dos que se fizeram heróis em defesa da fé, algo fundamental a vivência humana. E viva o Glorioso São Tiago!

2 comentários:

Anônimo disse...

Nell;

Viva São Tiago !!!!


bjs...

D
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e
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c
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k
.

Anônimo disse...

oiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Nell


bjs..

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